Colunistas, Destaques
O perfil do cliente de luxo pela ótica de um ícone do setor relojoeiro

No dia 15 de fevereiro deste ano publicamos aqui no Terapia do Luxo uma matéria que destacava os excelentes resultados do segmento relojoeiro no ano passado. Um relatório publicado pela Fédération de l’Industrie Horlogère Suisse apontava que durante o período as vendas do setor superaram a marca de 22 bilhões de francos, estabelecendo um novo recorde.

O número por si só já impressiona e se levarmos em consideração ainda o fato de estarmos vivendo em um pandemia que afetou a economia em praticamente todo o mundo, os dados se destacam ainda mais.

Entre os motivos que explicam o cenário positivo, um deles é muito evidente: o pleno entendimento das marcas de relógios de luxo do perfil e das demandas dos seus clientes. Em uma entrevista recentemente publicada, Benjamin Comar, CEO da Piaget, marca ícone do segmento e que esteve presente na última edição da Watches & Wonders, apontou algumas características que indicam as mudanças do cliente de luxo com o passar do tempo e, principalmente, como a empresa gerida por ele entende os seus consumidores.

Comar destaca que é bastante significativa a evolução dos clientes ao longo dos últimos anos. No passado, por exemplo, não era muito comum que o público masculino escolhesse e comprasse por conta própria joias finas, situação que hoje se tornou frequente nas principais marcas do setor.

Outra importante mudança estratégica na Piaget, segundo o CEO da marca, foi a adaptação para um novo perfil de clientes forçada pela pandemia. Antes da Covid-19 se tornar um problema mundial, as vendas tinham como público prioritário os turistas e visitantes. Atualmente, as 119 butiques da marca em todo o mundo focaram as atenções nos compradores locais, valorizando assim os clientes tradicionais. A ideia, porém, é resgatar a venda para os turistas assim que o setor de viagens estiver totalmente recuperado, pondera Comar.

Ainda no que diz respeito a formatação de um perfil do cliente de relógios de alto padrão, o CEO da Piaget é categórico ao afirmar que a marca jamais trabalhou em “termos de idade, sexo ou nacionalidade. Acredito que esse entendimento é totalmente obsoleto. É o cliente que escolhe o produto, não a marca que escolhe o cliente”.

A Piaget é, sem sombra de dúvida, uma das principais referências do mercado quando o assunto são os relógios de luxo. Entretanto, também é indiscutível que os excelentes resultados registrados pela marca se devem muito ao entendimento do perfil e a busca em antecipar suas necessidades de consumo.

Ao ressaltar que a decisão de compra tem sua origem e seu fim no cliente, Comar reflete sobre a ideia da democratização do segmento de luxo e atesta que, de fato, os clientes de luxo na atualidade tem como única característica em comum o fascínio por itens únicos, exclusivos e da mais alta qualidade.

Crédito da imagem: Piaget/Reprodução.

Manu Berger

Com cursos sobre o Mercado do Luxo em Paris, Milão, Londres e Nova York, Manu Berger é a fundadora da Terapia do Luxo, uma revista digital voltada para o público de bom gosto. Com atualizações diárias o endereço é pioneiro no segmento high-luxury no sul do país.