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Rainha Catarina de Médici: o poder da italiana que governou a França por 42 anos

Durante os mais de 15 anos que atuo como sommelière, pude rever a história do mundo pela ótica das bebidas e gastronomia. E me aprofundando nos estudos, tive a oportunidade de conhecer a vida de personalidades que mudaram o curso dessas áreas com as suas contribuições e que possibilitaram as mais diversas experiências no ato de comer e beber.

E, sem dúvida, as grandes mulheres da história sempre me chamaram atenção e, até hoje, são pra mim, uma forte inspiração. Compartilho com vocês a abundante vida de uma Italiana que influenciou de forma significativa e prolongada os costumes da França.

Catarina de Medici, nasceu na era renascentista, em Florença na Itália, em 13 de abril de 1519, e com apenas 14 anos se casou com o futuro rei da França, Henrique II. A Família Medici, soberana em Florença por 3 séculos, contou com diversos nomes de homens ilustres, desde políticos à diplomatas, mas Catarina, foi a primeira mulher protagonista dos Medicis.

Em sua mudança para Paris, trouxe seus serviçais, amas, cozinheiros, confeiteiros, pratarias, porcelanas, louças e ingredientes como alcachofras, trufas e cogumelos. Ensinou os franceses a comerem com o garfo, lavar as mãos antes das refeições, usar toalhas bordadas, louças e talheres adornados, tratando os banquetes como um evento. Catarina é creditada pela introdução de muitas inovações alimentares para a França e deixou uma herança do seu receituário, apreciada até hoje: os profiteroles, considerado uma iguaria real no século 16.

A rainha apreciava as mais diversas artes, da tapeçaria à escultura, sempre promovendo experiências exclusivas em seu reinado. De bailes, peças teatrais à grandes banquetes, era reconhecida por exibir espetáculos de ballet, reunindo não apenas dança, mas também poesia, canto e uma orquestra musical; uma experiência sensorial completa.

A astrologia e a magia chamavam sua atenção. Fascinada com o trabalho de Nostradamus, o convidou para ser seu conselheiro, por conta de sua relação muito próxima.

A importância dela também influenciou a vida das mulheres até a atualidade. Foi ela quem incentivou o uso de perfumes, demonstrava gosto por se maquiar, inseriu o uso de ceroulas e a cela lateral para que as mulheres pudessem cavalgar
no mesmo passo que os homens. E, como, descrito por um de seus biógrafos, Mark Strage, ela foi considerada a mulher mais poderosa da Europa no século XVI.

Uma curiosidade histórica é que em uma viagem às Américas, Jean Nicot, o cônsul português que era muito próximo à Rainha, descobriu que a folha de tabaco tinha o poder medicinal de amenizar dores de cabeça e, sabendo das terríveis crises de enxaqueca da rainha, Jean trouxe a iguaria como um presente à Catarina e a mesma começou a fumar, deixando toda corte intrigada e logo o costume de fumar charutos (antes somente da plebe e marinheiros), ganhou fama entre a corte Européia, transformando, assim, o Charuto em um produto de luxo.

Catarina viveu até seus 69 anos e teve uma vida intensa e significativa., influenciando uma sociedade que seria sinônimo de luxo para toda eternidade. Deixou um rico legado até os dias atuais.

Mikaela Paim

Com mais de 10 anos de carreira na área gastronômica, é reconhecida em todas as áreas que atua, desenvolvendo atendimentos exclusivos, consultorias, aulas, palestras, cursos, grupos de estudos e eventos, além de ser jurada, avaliadora dos principais campeonatos e especialista em técnicas multissensoriais. Reúne toda sua expertise em temas que democratizam e desmistificam o universo das experiências.