A 4ª edição do Fórum de Conhecimento MCF, realizado em 8 de agosto em São Paulo, trouxe o olhar de profissionais que pensam o Luxo no mercado brasileiro e internacional. Traduzindo movimentos e características específicas – o extraordinário, o especial, a vanguarda – desta atividade para serem aplicadas nos mais diversos setores, trazendo reflexões e colocando em cheque o que já se acreditava como certo e imutável.
Reinvenção e Inovação para se manter relevante
As principais marcas de Luxo são instituições centenárias, que sobreviveram ao crash da bolsa de nova York em 1929, ao período da Grande Depressão, a crise de 2008 e tantos outros períodos conturbados que a humanidade enfrentou nos últimos séculos, como as guerras. Ao analisarmos os movimentos destas marcas tão representativas, fica evidente o motivo de sua longevidade: a visão de longo alcance que se antecipa, reinventa e inova.
Despontando como uma das marcas que mais cresce nesse ano de 2017, a italiana Gucci não tem medo de ousar: desfilou inspirações extraterrestres e divulgou um fashion film cujo tema central era o Black Power. A Dior escolheu a bad girl Rihanna como embaixadora da marca. Já a tradicional Maison francesa Louis Vuitton lançou uma nova linha de produtos em parceria com a prestigiada marca de streetwear Supreme com grande sucesso. Estes movimentos demonstram a habilidade destas companhias em ler o mercado e não mais se limitarem ao seu público inicial e restrito: o dinheiro tradicional e aristocrata, uma jogada essencial para quem quer continuar atuando, relevante e vendendo.
Luxo e Millennials
Pesquisa da Bain & Company/ Farfetch indica que os Millennials representarão 40% do mercado de luxo global em 2025 e de olho no comportamento desses consumidores, as marcas estão intensificando sua presença online. A gigante LVMH lançou em junho deste ano a plataforma multimarca 24 Sèvres e a Chanel passou a vender seus produtos na Amazon.
Marcas à frente das mudanças
No cenário atual, em que as pessoas não mais confiam nas instituições públicas e governo, as marcas assumem um importante papel: o de responsáveis pelas mudanças. O propósito se tornou ativo essencial da marca. Atualmente é vital a importância da marca ser, fazer e comunicar, nesta ordem. Ou seja, o ponto de partida é justamente o propósito, uma vez que atualmente “as pessoas não compram o que você faz, mas o porquê você faz”. Não seria exagero dizer que as pessoas não querem mais ser tratadas pelas marcas como consumidores, mas como cidadãos, e que depositam nestas empresas o dever de promoverem e serem catalisadoras de melhorias sociais.
As novas regras do Luxo
A Stylus.com apresentou suas previsões, que chama das Novas Regras do Luxo:
1. Privacidade: um número crescente de super-ricos tem investido em bunkers e celulares que criptografam dados;
2. Dê suporte aos milionários secretos: há uma ressaca dos rótulos e uma procura por um consumo mais discreto e momentos de silêncio;
3. Não julgue: a classe média continuará a ascender e acessar produtos de Luxo. Estes indivíduos esperam marcas conscientes, intuitivas, com escuta ativa e que não façam julgamentos;
4. Afirme o Excepcionalismo: o Luxo sempre esteve ligado ao excepcional, e agora é preciso que ele seja fortalecido no discurso e percepção;
5. Seja um Guia: a marca como uma ferramenta para o consumidor descobrir o que é bom para si;
6. Ofereça aceleração e aumente a barra da intelectualidade: o novo Luxo também é sobre mobilizar as pessoas a ser o melhor que podem;
7. Seja corajoso e abrace a agilidade: é preciso estar atento a movimentos como a economia compartilhada;
8. Redefina o raro: a francesa Vêtements acredita que se você tem produtos para fazer uma promoção é porque produziu em excesso;
Os Movimentos Humanos
A agência Behavior, aponta o resultado de suas pesquisas qualitativas, a elaboração dos movimentos humanos:
Digital revoluciona o varejo
A revolução que o digital promove no varejo passa pela omnicanalidade e pela mudança de papel da loja física, que apesar de atualmente ainda ser o principal canal de venda (a busca é digital, mas a compra é física) está caminhando para se tornar uma nova mídia que tem como objetivo impactar o consumidor para posterior compra em outros canais – a métrica deixa de ser a venda na hora.
Atenção para a rede de supermercados do fenômeno Alibaba Group e do hub lançado pela Amazon. O primeiro é um empreendimento inovador que evidencia a tecnologia: todos os produtos vendidos em loja têm sua história e origem compilados em um app que realiza leitura de código de barras, ajudando o consumidor na escolha de suas compras e torna o check-out mais fácil. Além de um sistema que permite compras online com entregas em trinta minutos. E o segundo é o novo projeto de Amazon que beneficia também seus concorrentes, uma espécie de armário a ser instalado no térreo de prédios americanos, onde não há porteiros e muitas correspondências não eram entregues quando não havia ninguém para recebê-las. Agora com o Hub qualquer empresa de entrega ou varejo pode usar o serviço e armazenar o produto para que o cliente o retire no momento de maior conveniência através de um código único que destrava a porta certa.
Fundador e presidente da MCF Consultoria, é consultor, conferencista e articulista de diversas publicações relacionadas ao segmento de luxo. Foi, também, CEO da Louis Vuitton no Brasil e recentemente fundou a Bento Store, a primeira loja especializada em mobile food do país e eleita como uma das marcas mais inovadoras do mundo.