Nos anos 20, viajar era sinônimo de descoberta de um novo lugar, de uma época, uma arte de viver, encontrar e apreciar o belo, de preferência em uma praia paradisíaca. Os grandes navios transportam chiques viajantes que queriam fugir do inverno parisiense em busca de raios de sol, coquetéis e festas inesquecíveis.

Gabrielle Chanel também está a bordo, e inspirada nas suas necessidades de ter uma mala adequada para estes cruzeiros de altíssimo luxo, cria uma coleção que entrará definitivamente para o calendário da moda, entre as duas coleções inverno e verão, conhecida como “Cruise”. O primeiro desfile acontece em 1919, peças leves, fluídas, em jersey sem forro e largos e longos suéters inspirados no iatismo. Seria este o primeiro passo do oversize?

Apaixonada pelo mar, ela viaja com frequência no iate do Duque de Westminster e um dia, ancorando em Monte Carlo, ela descobre o vilarejo de Roquebrune-Cap-Martin e encontra lá a casa que será sua casa de veraneio e que levará o nome de La Pausa.

Nome escolhido para o enorme transatlântico ancorado dentro do Grand Palais em Paris, que serviu de cenário para o desfile da coleção 2018/2019 no inicio de Maio.

Uma viagem imaginada por Karl Lagerfeld com antigos clássicos repaginados em novas versões ultramodernas como o jeans rasgado, tweed reinventado com mais leveza nas calças corsários e nas vestes cruzadas, nas saias godês,  listras feitas de plumas e plástico,  cores adocicadas irradiadas pelo sol, muito branco, dourado, brilho, verniz, bordado, barriga de fora, cintura marcada, tênis, mary jane,  acessórios inspirados no mar, nos barcos, um novo modelo retangular da bolsa Boy, óculos redondos, boinas bordadas e chapéus de aba reta com pompom que foram desfilados ao som de ondas e gaivotas em modelos que pareciam ter saído de imagens de cartões postais de Saint-Tropez, Miami, Veneza, Cuba e Singapura.

Um cruzeiro luxuoso, mágico e colorido, interessante, inteligente e com gosto de champanhe gelada, no melhor estilo Chanel.

Confira, abaixo, as imagens do desfile.