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Diretor do Festival de Cannes destaca a importância dos Irmãos Lumière como os pais da sétima arte

Thierry Fréumax recria em seu mais novo projeto o início do mundo cinematográfico e como essa atmosfera ganhou espaço ao longo dos tempos

Fazer uma reflexão sobre como o cinema desperta tanto interesse nas pessoas é sempre uma tarefa difícil. E quando eu falo interesse, leia-se magia, fantasia e todo o universo irrealista (ou não) que ele traz na bagagem.

Para tentar entender melhor como foi toda a construção e criação dessa máquina de produzir encanto, fui ao encontro de Thierry Frémaux, o diretor do festival de Cannes.

Em uma recente passagem pelo Brasil, o francês se encontrou com um grupo de jornalistas especializados e o Terapia do Luxo esteva lá para ouvir e absorver todo o conceito que consumimos hoje.

Seu mais novo e brilhante projeto é o documentário “Lumière! – Uma Aventura Começa”, um filme comentado por ele e composto por 114 obras dos pais do cinema (assim conhecidos os irmãos Lumière).

Fazendo uma retrospectiva quase que inimaginável, estamos em 1895 quando Louis e August Lumière rodam seu primeiro filme. Ao contrário do que muitos historiadores pensam, não foi de forma involuntária que as captações aconteceram. Eles tinham consciência do que estavam fazendo e acreditavam na própria invenção –  segundo o próprio Thierry.

“Me apaixonei pelos filmes deles há muito tempo. Sempre achei que falamos dos Lumière de maneira confusa e descobri o primeiro cineasta e que fez do cinema uma arte específica”, conclui Fréumax.

As cenas cotidianas e comuns aos olhos de quem ainda não conhecia esse fenômeno, se transformaram em obra no cinematógrafo (aparelho de filmagem e projeção) de Louis e August. E assim surgiu a primeira cena em movimento apresentada ao público: A saída da Fábrica. Em seguida, eles produziram “O Jardineiro” e “A Chegada de um Trem à estação de la Ciotat”. Foi o olhar diferenciado desses irmãos que transformou a forma como enxergamos imagens do dia a dia – e acrescentaram um jeito lúdico e único de ver.

https://youtu.be/1dgLEDdFddk

“Quando eles reproduzem o mundo real na tela, eles o reinventam como poesia. Tiveram muitos inventores antes desse momento, mas nenhum depois. Por isso, é importante ressaltar e considerar os Lumière como cineastas. Temos que valorizá-los e tê-los de forma pedagógica”.

Foram 1422 microfilmes produzidos pelos irmãos, e 1417 encontrados para a construção desse documentário que faz uma verdadeira viagem no tempo em dimensões diferentes. A ideia ainda é restaurar mais 300 para fazer um segundo trabalho.

“O cinema torna o público inteligente e cria memória. Em uma época que a internet e tv triunfam, o cinema ainda se faz presente.  Já passamos por muitas crises e acredito que vou passar por tantas outras graças ao fiel público que ainda se interessa por essa arte”.

Vale lembrar que Thierry Fréumax é diretor do mais prestigiado festival de cinema do mundo desde 2007 e também atua como presidente do Instituto Lumière , onde trabalhou como voluntário desde sua fundação.

Malu Simões

Jornalista há 11 anos, Malu Simões passou pelas principais emissoras do país como repórter de vídeo. Começou sua carreira na TV TEM - afiliada Rede Globo, depois atuou na Rede Record internacional, Veja, Rede Record Nacional e REDETV!. Atualmente desenvolve ações como microinfluenciadora, está à frente da Assessoria de Imprensa da TdL Agency e faz coberturas de eventos exclusivos.