Não é incomum que, ao ser contratado para um projeto residencial, eu ouça dos meus clientes o desejo de ter um quarto de hotel. É fato que, mundo afora, as hospedagens exercem uma magia sobre seus clientes, fazendo com que o combo de conforto, relaxamento e, muitas vezes, luxo, se torne um desejo a ser replicado em casa.

Essa magia envolvente nasce, justamente, na arquitetura. Ao longo de minha carreira, tenho tido a oportunidade de realizar alguns projetos de hotéis em contextos completamente distintos. Atualmente, estou à frente do projeto de uma pousada em Igarapé, Minas Gerais, mas já assinei projetos de hotelaria em Portugal e na Angola.

Como é possível imaginar, foram experiências bem distintas. Cada projeto é uma história e, por meio do projeto arquitetônico, preciso conta-la de modo a envolver os hóspedes naquele contexto. O hotel precisa se relacionar com seu entorno e oferecer ao cliente uma sensação de estar vivendo naquele local uma experiência única e exclusiva. O público alvo do hotel e o desejo presente em cada hóspede ao estar ali também faz parte dessa imersão que irá conduzir todo o meu trabalho. Para a pousada que estou executando no momento, por exemplo, sei que temos como objetivo principal oferecer aos visitantes um contato intenso com a natureza e um relaxamento total, que é o que busca alguém que se refugia numa hospedagem no interior de Minas. Para tanto, estamos desenvolvendo um trabalho cujo paisagismo se faz presente até mesmo dentro dos quartos, conduzindo os hóspedes a uma rica experiência eco turística.

Se por um lado temos o DNA que faz de cada hotel um estabelecimento único, por outro temos requisitos universais na execução dessas obras e sobre os quais me lancei para conduzir meus projetos na Europa, na África e aqui no Brasil.  Além de uma série de normas técnicas que precisamos considerar, há também o fato de todos os hotéis serem ambientes extremamente funcionais, preparados para estar em atividade 24/7. Ou seja, o trabalho do arquiteto inclui também pensar em logística e organização impecáveis, para que a experiência do hóspede não seja comprometida.

Sabe aquele cama de hotel cheirosa e com o edredom sempre branquíssimo e macio? Pois então. Aquilo se torna possível porque, antes, um arquiteto pensou na estrutura de uma lavanderia para atender a todos os quartos, da forma mais completa possível.

E é esse tipo de cuidado que cria sobre hotéis e pousadas essa mística tão fascinante, que encanta viajantes mundo afora e motiva arquitetos como eu, que adoro um desafio.