Adaptação de obras literárias para o cinema nunca são unanimidades. Há àqueles que, literalmente, acreditam que os personagens foram diminuídos ou subaproveitados para se enquadrarem na sétima arte e aqueles que se satisfazem, entendendo que as alterações que os diretores promovem nos livros fazem parte do processo de transformação de uma mídia em outra. Foi assim com Garota Exemplar, dirigido por David Fincher e baseado em um livro da escritora Gillian Flynn e assim está sendo com Lugares Escuros, novamente baseado em uma obra da autora americana, mas desta vez a cargo do cineasta Gilles Paquet-Brenner.

A produção que está em cartaz nos cinemas brasileiros conta a dramática história de vida de Libby Day, personagem defendida com extrema delicadeza e força por Charlize Theron. Libby sofreu um violento trauma quando era apenas uma criança e viu sua família ser brutalmente assassinada. Muitos anos depois, ela vai vivenciar novamente a tragédia ao contar todo o seu drama de vida para uma sociedade especializada na investigação de crimes não resolvidos.

Quem gostou do filme anterior baseado no livro da escrita, vai se impressionar, mais uma vez, com o clima sufocante da história na qual nem tudo é o que parece. As interpretações corretas fazem a trama fluir com facilidade, mesmo que, às vezes, a impressão é que o ritmo desacelerou. Alterando a linha narrativa e intercalando o passado com o presente, o filme vai costurando uma colcha de retalhes em que as peças vão se encaixando com perfeição.

Há, é claro, algumas escolhas infelizes em todo o processo e o filme perde, em termos comparativos, à Garota Exemplar. Mas, para quem curte uma boa história, a produção é um ótimo lugar para ser visitado.